O atual Serviço de Educação de Saúde Pública (SESP) foi criado em 1938 com o nome de Seção de Propaganda e Educação Sanitária (SPES) cuja atribuição era a de “difundir, no Estado de São Paulo, a educação sanitária, usando para isso, de todos os meios modernos de propaganda, ensinando ao povo as noções primordiais de higiene” (Decreto nº 9.322 de 14 de julho de 1938, artigo 2º, alínea a).
Para tanto promovia campanhas de divulgação, palestras e conferências, confeccionava filmes, folhetos e cartazes educativos, e publicava artigos e livros. Durante várias décadas, o material institucional ganhou mais espaço, pois acreditava-se que a melhoria técnica dos antigos materiais didáticos e a incorporação de novos e mais requintados recursos, permitiria aumentar a "eficiência da prática educativa", atingindo-se os resultados desejados, isto é, a mudança de hábitos e de comportamento da população.
Em 1969, o SESP, ao ser incorporado ao Instituto de Saúde, muda suas atribuições e passa a ser responsável por definir normas técnicas, planejar, coordenar e avaliar os aspectos educativos dos programas de Saúde, preparar material educativo e realizar a investigação no campo da Educação em Saúde.
São incorporadas as investigações sociais ao setor de educação em Saúde sendo o SESP um dos precursores neste campo em São Paulo. A pesquisa social surgiu como resposta a várias demandas do setor, entre elas, a identificação dos fatores psicológicos e socioculturais que influem na conduta de saúde.
Em 1983, as atividades do Instituto de Saúde passam a ser norteadas por um eixo central: a produção de conhecimentos no campo da Saúde Coletiva. Com esta perspectiva, o Serviço de Educação define nova área de competência: a análise das relações educativas que se estabelecem entre os profissionais da saúde e a clientela das unidades básicas de saúde, que resultou em vários estudos.
Em decorrência de crise institucional, o SESP atravessou uma fase de esvaziamento de seus recursos humanos no período de 1989 a 1992. A partir de 1993, com diferente política institucional de lotação de seus quadros, o agora Núcleo de Investigação em Educação em Saúde (NIES), passou a contar com novos investigadores.
Atualmente, o NIES desenvolve pesquisas de natureza conceitual, metodológica e temática sobre questões gerais da Educação em Saúde Pública. Estuda formas de participação e comunicação da população com os serviços de saúde e os poderes institucionais. Pesquisa e avalia métodos e instrumentos didáticos que orientam a prática educativa, contribuindo para a formação dos recursos humanos em serviços. Participa da formulação de políticas públicas na área da Humanização da Assistência, como componente do Comitê Estadual de Humanização da Coordenadoria de Recursos Humanos (CRH) da Secretaria de Estado da Saúde.
Componentes
Danaé T. Conversani (coordenadora)
Ana Lucia da Silva
Claudia M. Bógus (afastada em 2001)
Paulo Henrique N. Monteiro
Maria Cezira F. N. Martins
Sandra Maria Greger Tavares
Monique Borba Cerqueira
Aparecida Natalia Rodrigues
Linhas de investigação
Pesquisa
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Primeira paciente de Chagas viveu 72 anos com micróbio da doença
EDUARDO GERAQUE
enviado especial da Folha de S.Paulo a Lassance (MG)
A primeira paciente da história diagnosticada com mal de Chagas, examinada e tratada pelo próprio descobridor da doença, não morreu por causa dessa enfermidade tropical, mas em razão de uma isquemia cerebral, 72 anos depois.
Berenice Soares de Moura entrou para a história da medicina e do Brasil no dia 14 de abril de 1909, aos dois anos de idade. Naquela data, o médico Carlos Chagas concluiu um trabalho feito a partir de exames com o sangue da menina, em Lassance, no sertão mineiro. No dia seguinte, o cientista já escrevera anotações descrevendo todo o ciclo da doença causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi.
Lalo de Almeida/Folha Imagem
Jacira Costa diz que a avó, primeira paciente diagnosticada por Chagas, viveu a vida toda com a doença, sem consequência grave
Jacira Costa diz que a avó, primeira paciente diagnosticada por Chagas, viveu a vida toda com a doença, sem consequência grave
Um artigo científico sobre a descoberta foi publicado em 22 de abril de 1909 e deixou o brasileiro perto de ser o primeiro a receber o Nobel.
Chagas foi indicado ao prêmio por identificar a doença que leva seu sobrenome, mas não chegou a receber a honraria.
A saúde de Berenice, porém, já valera como um prêmio.
"Minha avó viveu toda a vida, até os 74 anos, com a doença. E nunca teve as consequências graves do Chagas", diz a física Jacira Moura Costa, neta de Berenice, hoje professora de ensino médio em Pirapora, às margens do São Francisco, a 75 km de Lassance.
Na casa da nora de Berenice, onde Jacira recebeu a reportagem da Folha, fotos da personagem ilustre são exibidas ao lado de uma medalha religiosa, presente dado pelo próprio Chagas à paciente histórica.
Berenice gostava de contar aos familiares a história dela e do médico. Não sabia ler, mas adorava cozinhar. Preparava arroz socado no pilão e fazia queijos.
"Foi por meio dela mesmo que passei a conhecer essa história. Ela adorava quando os netos, nas férias, ficavam na fazenda", diz Jacira. "Meu pai, sim [Antônio José de Moura], morreu por causa do mal de Chagas, que ele provavelmente pegou quando ainda vivia em zona rural", diz Costa.
A maneira com que a doença evolui ainda não é bem explicadas pela ciência, a exemplo da história da família. Ninguém sabe por que os sintomas aumentaram em Antônio, mas não em sua mãe, Berenice.
"Meu pai fez questão de se mudar para a cidade para que todos os filhos pudessem estudar", diz Costa. E Berenice conheceu três dos nove bisnetos.
Médico no trem
Apesar de ter morrido na cidade de Pirapora, Berenice sempre viveu na fazenda, na zona rural, conta a neta. Na infância, em casa de pau-a-pique, é que teve os sintomas da doença desconhecida.
"Os pais dela ficaram sabendo que havia um médico em um vagão em Lassance que estava atendendo as pessoas. Eles resolveram levar minha avó até lá".
Lalo de Almeida/Folha Imagem
Antiga estação ferroviária de Lassance, onde o médico Carlos Chagas descobriu a doença que leva seu nome
Antiga estação ferroviária de Lassance, onde o médico Carlos Chagas descobriu a doença que leva seu nome
Carlos Chagas, que encontrou a pequena paciente ainda na fase aguda da doença, conseguiu reverter o quadro, usando raízes e folhas, diz Costa. Passado o problema, o médico quis adotar a menina, mas a família não concordou.
Mais tarde, ela ganhou "consciência da importância da descoberta", diz a neta. "Em vida, ela recebeu muitas visitas de médicos e viajou também para eventos em Belo Horizonte e Rio de Janeiro."
Hoje, na região, a doença descoberta por Chagas não está mais entre os principais problemas de saúde pública, conta Jacira. "No ano passado o grande problema foi a dengue", diz. "Um dos meus filhos pegou."
Dos 6.200 habitantes de Lassance, 3.509 tiveram dengue em 2008. Neste ano, porém, o prefeito recém empossado Idson Brito (PSDB), um cardiologista, diz ter conseguido controlar a doença. A cidade não teve dengue em 2009, afirma.
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