sexta-feira, 18 de maio de 2012

Executivos dos EUA tentam retardar envelhecimento com hormônios (Postado por Lucas Pinheiro)

Executivos e profissionais nos Estados Unidos vêm procurando um polêmico e caro tratamento de reposição hormonal para combater efeitos normalmente associados ao estresse e ao envelhecimento.

Com pouco mais de 30 anos, o executivo americano J.G. começou a se sentir deprimido e ansioso. Tinha dificuldades para dormir, sua libido já não era mais a mesma e, por mais que se esforçasse na academia e cuidasse da alimentação, não conseguia atingir os resultados que queria.

'O trabalho também ia mal. Ter que lidar com o estresse, e a competição ampliava os sintomas, quando não era combustível para eles', conta o executivo, que pediu para não ter seu nome divulgado.

'Isso acabava com o desejo e ambição de ser bem sucedido', disse.

Depois de tentar tratamentos com antidepressivos e ansiolíticos, J.G. aceitou o conselho de um colega de academia e começou a fazer reposição hormonal por conta própria.

Mesmo sem consultar um médico, experimentou tomar uma pequena dose de testosterona, um hormônio secretado pelos testículos do homem e em menor quantidade pelos ovários da mulher. Sua concentração no corpo masculino diminui com a idade e devido a problemas de saúde.

'Tomei minha primeira dose e, uau, pareceu que tudo deu uma volta de 180 graus', disse o executivo à BBC Brasil.

Desconfiado de que poderia estar sofrendo com os sintomas do declínio de testosterona em seu corpo, procurou um médico. Após alguns exames, ele receitou uma terapia de reposição hormonal.

Atualmente com 40 anos, J.G. segue com o tratamento. Duas vezes por semana, injeta em si mesmo pequenas doses de testosterona e garante que sua vida melhorou em vários aspectos.

'Pergunte à minha namorada modelo de 27 anos', brinca o executivo, que dirige uma consultoria de administração de capital de risco em Nova York.

Apesar dos elogios ao tratamento, alguns médicos têm dúvidas quanto à eficácia e eventuais danos colaterais do uso de hormônios, que poderiam incluir câncer e problemas no coração.

Hormônios
A deficiência de testosterona entre homens pode estar ligada a problemas congênitos, doenças, estresse e efeitos colaterais de certos medicamentos.

Além disso, a partir dos 30 anos de idade, inicia-se um declínio gradual da produção do hormônio no organismo.

A maior parte da testosterona utilizada em terapias de reposição hormonal é produzida em laboratório a partir de vegetais como soja e inhame.

Embora o tratamento mais comum para a deficiência de testosterona causada por problemas de saúde seja a reposição hormonal, não há estudos conclusivos sobre a eficácia da injeção do hormônio no combate a sintomas normalmente associados à idade.

Mesmo assim, um grande número de médicos defende os benefícios do tratamento no combate ao envelhecimento. Eles vêm oferecendo terapias de reposição hormonal a pacientes que se queixam de fadiga, de dificuldades para perder peso, de concentração e de redução da libido.

Entre eles está Lionel Bissoon, que ficou conhecido por desenvolver um tratamento para celulite e atualmente administra um programa de reposição hormonal para homens e mulheres em sua clínica em Nova York.

Segundo ele, até meados da década passada, a maior parte de seus pacientes era formada por mulheres entre 45 e 69 anos. Mas a situação se inverteu. Atualmente, cerca de 85% é de homens entre 30 e 69 anos, muitos deles executivos de Wall Street.

'As maiores queixas dos homens são fadiga, cansaço e dificuldades de concentração. Alguns reclamam de dores musculares. Muitos não têm interesse em sexo. Alguns sentem que não são mais quem costumavam ser', disse Bissoon à BBC Brasil.

O médico conta que, após uma bateria de exames, o paciente pode iniciar o tratamento. A reposição hormonal pode ser feita por meio de injeções, adesivos ou via oral. O próprio paciente aplica suas doses de testosterona.

'Eu ensino meus pacientes a se aplicarem, é bem fácil. Não é possível para um executivo ocupado ter que ir a um consultório para tomar uma injeção duas ou três vezes ao mês, não é prático', diz.

Custos
O grande interesse dos homens por tratamentos de reposição hormonal não se restringe a Nova York.

Na filial que serve os Estados americanos da Carolina do Sul e da Carolina do Norte da rede de clínicas Cenegenics, por exemplo, 68% dos pacientes são homens entre 35 e 70 anos.

'Está se tornando mais comum homens mais jovens, com pouco mais de 30 anos (procurarem o tratamento)', diz Michale Barber, médica e diretora-executiva da Cenegenics Carolinas.

Embora a aplicação dos hormônios possa ser feita pelo próprio paciente, é necessário que ele passe por um acompanhamento periódico por médicos e seja submetido a exames regularmente, o que pode aumentar os custos do tratamento.

Para realizar um tratamento hormonal de combate aos efeitos do envelhecimento na Cenegenics, é preciso desembolsar em média US$ 1 mil por mês.

'Os nossos pacientes estão pagando pelo acesso a médicos, fisiologistas, nutricionistas e acompanhamento de laboratório', diz Barber.

Com 20 centros médicos espalhados pelos Estados Unidos e mais de 20 mil pacientes, a Cenegenics usa como garoto-propaganda o médico Jeffry Life, que atua na empresa e é paciente do programa de combate aos efeitos do envelhecimento.

Para mostrar os resultados do tratamento, a empresa usa fotos e vídeos ao estilo 'antes e depois' de Life. Na primeira foto, o médico aparece com um corpo comum para um homem de meia-idade. A outra é uma dessas imagens que à primeira vista parecem montagens (a empresa garante que não é) e mostra a mesma pessoa com um corpo de fisiculturista.

Câncer
Apesar dos efeitos aparentemente milagrosos, ainda restam dúvidas sobre a segurança dos tratamentos de reposição hormonal para combater os efeitos do envelhecimento em homens saudáveis.

Embora os médicos adeptos da terapia garantam que ela é segura e pode prevenir doenças, outros apontam que ela pode estimular o desenvolvimento de câncer de próstata e causar problemas cardíacos.

Além disso, pesquisas apontam entre os possíveis efeitos colaterais do tratamento atrofia dos testículos e infertilidade, problemas hepáticos, retenção de líquidos, acne e reações de pele, ginecomastia (crescimento anormal das mamas em homens) e apneia do sono.

Embora tratamentos do tipo estejam sendo utilizados nos EUA desde a década de 1990, há poucos estudos amplos sobre seus efeitos e riscos.

Em 2009, o National Institute of Health dos Estados Unidos deu início a um amplo estudo sobre os efeitos do tratamento de reposição de testosterona em homens acima de 65 anos. Os primeiros resultados, no entanto, devem ser divulgados só em junho de 2015.

Enquanto isso, um relatório publicado em 2004 pelo Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, órgão de consultoria do governo americano, alerta para a falta de pesquisas conclusivas sobre o tema.

'Apesar da crescente popularidade do tratamento com testosterona, não há uma quantidade considerável de dados que sugiram a eficácia da terapia de testosterona em homens mais velhos que não se encaixam na definição clínica de hipogonadismo. Além disso, os efeitos da testosterona na próstata e suas implicações para o câncer inspiram cuidados no uso não terapêutico extensivo', diz o documento.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Vacinação contra gripe começa neste sábado e vai até 25 de maio (Postado por Lucas Pinheiro)

Neste sábado (5), começa a 14ª edição da Campanha de Vacinação Contra a Gripe em todo o país. A vacinação acontece até o dia 25 de maio em 65 mil postos de saúde, além de postos móveis que serão instalados durante a campanha. A meta do Ministério da Saúde é imunizar 80% de 30,1 milhões de pessoas consideradas vulneráveis à manifestação grave da gripe.

Semelhante à campanha do ano passado, devem se vacinar nesse prazo idosos, crianças de seis meses a menos de dois anos, grávidas, indígenas e profissionais de saúde.

A dose trivalente imuniza contra  gripes sazonais e a influenza A (H1N1), popularmente conhecida como "gripe suína".

A novidade deste ano é que cerca de 500 mil detentos também tomarão a vacina. A medida visa a evitar a proliferação da doença entre a população que vive aglomerada, já que o vírus da gripe é de fácil transmissão.

Doentes crônicos e imunodeprimidos, como portadores do HIV, também poderão ser vacinados mediante apresentação de receita médica em qualquer posto de saúde.

Abaixo, tire suas dúvidas sobre a vacina e sobre gripe com informações do Ministério da Saúde e da coordenadora de imunizações da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Helena Sato.

1) Contra quais gripes a vacina protege?
Para 2012, a vacina influenza é trivalente. Isto é, composta por três vírus inativados: vírus similar ao vírus influenza A (H1N1), vírus similar ao vírus influenza A (H3N2) e vírus similar ao vírus influenza B/Brisbane. Ela protege contra as formas mais comuns da gripe nesta temporada e contra o vírus da gripe A (conhecida popularmente como "gripe suína").

2) Quem deve tomar a vacina?
Na Campanha Nacional de Vacinação de 2012, a vacina contra gripe estará disponível gratuitamente para:

- pessoas acima de 60 anos;
- crianças de 6 meses a menores de 2 anos;
- gestantes
- trabalhadores das unidades de saúde que fazem atendimento aos pacientes com o vírus da gripe;
- indígenas;
- detentos;
- pacientes com doenças crônicas e imunodeprimidos que apresentarem receita médica em qualquer posto de saúde.

3) Por que o Ministério da Saúde priorizou esses grupos?
Estudos indicam que alguns grupos da população, principalmente idosos, grávidas e crianças pequenas, correm mais risco de ter complicações em decorrência da gripe, como uma pneumonia, e morrer pela doença.

4) Onde será realizada a vacinação?
Em 65 mil postos de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) espalhados pelo país. Estes postos estão situados em Unidades Básicas de Saúde.

5) Quem se vacinou no ano passado, precisa se vacinar de novo?
Sim, já que a imunidade contra a gripe dura até um ano após tomar a vacina. E também porque a sua composição é feita conforme os vírus que circularam no ano anterior.

6) O que é influenza?
A "influenza" é o nome científico do vírus da gripe. É uma infecção viral aguda que afeta o sistema respiratório. É de alta transmissão, com tendência a se disseminar facilmente em epidemias sazonais, comuns no outono e inverno.

7) Gripe e resfriado são a mesma coisa?
Não. A gripe é uma doença grave, contagiosa, causada pelos vírus Influenza (tipos A, B e C). O resfriado é menos agressivo e de menor duração, causado pelo Rhinovírus (com seus vários tipos), sendo que a transmissão entre as pessoas se dá através das vias respiratórias.

Os sintomas da gripe muitas vezes são semelhantes aos do resfriado, que se caracterizam pelo comprometimento das vias aéreas superiores, com congestão nasal, coriza, tosse, rouquidão, febre variável, mal-estar, dor no corpo e na cabeça. Mas, enquanto a gripe deixa a pessoa de cama, geralmente o resfriado não passa de tosse e coriza. A vacina não protege contra resfriados.

8) Quais os meios de transmissão dos vírus da gripe e do resfriado?
A transmissão ocorre quando as secreções das vias respiratórias de uma pessoa contaminada são transmitidas para outra por meio da fala, da tosse, do espirro ou pelo toque, levando o agente infeccioso direto à boca, olhos e nariz do receptor.

9) A vacina contra gripe imuniza contra resfriado?
Não. A vacina influenza protege contra os vírus da Influenza que estão circulando no país e pode mudar a cada ano.

10) A vacina tem alguma contraindicação?
A vacina não é recomendada para quem tem alergia à proteína do ovo, isto é, entre aqueles que já apresentaram forte reação alérgica pelo menos duas horas depois de comer ovo. Esse tipo de alergia é bastante rara. A vacina também é contraindicada a quem já teve reações adversas a doses anteriores a um dos componentes da vacina. Nestas situações recomenda-se passar por avaliação médica para saber se pode ou não tomar a vacina.

11) Posso ficar gripado (a) depois de me vacinar?
Não, isso é um mito. A vacina contra a influenza contém vírus mortos ou apenas pedaços dele que não conseguem causar gripe.

Na época em que a vacina é aplicada, circulam diversos vírus respiratórios diferentes, que podem não ser o da gripe em questão, e as pessoas podem acabar infectadas por não estarem ainda imunizadas.

A pessoa pode também pegar um resfriado, já que a vacina não protege contra re

12) Quanto tempo leva para a vacina fazer efeito?
Em adultos saudáveis, a detecção de anticorpos protetores se dá entre duas a três semanas após a vacinação e apresenta, geralmente, duração de seis a 12 meses.

13) Fora do período da campanha é possível me vacinar?
Não pelo SUS. Após a campanha só serão vacinadas a população prisional e pessoas que apresentem condições clínicas específicas.

14) A vacina contra a gripe tem o mesmo efeito que um antigripal?
Não. A vacina previne contra a gripe e o antigripal é um medicamento usado para reduzir os efeitos causados pela doença. Mas clínicas as privadas poderão disponibilizar a vacina a toda população – inclusive para quem não faz parte do grupo prioritário – desde que as doses compradas estejam registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

15) Pessoas com doenças crônicas podem se vacinar?
Sim, mas com apresentação de receita médica. Em alguns casos, como os de pacientes com doenças neurológicas, é aconselhável a busca de avaliação médica antes de efetuar a vacinação.

16) É obrigatório apresentar a caderneta de vacinação?
Não é obrigatório, mas é necessário para atualização de outras vacinas do calendário de vacinação. Para quem não apresentá-la no momento da vacinação, será feito outro cartão para o registro, que deve ser guardado para comprovar o histórico vacinal.

17) Pessoas que usam corticoide podem ser vacinadas?
Sim, o uso não impede a vacinação.

18) Quanto tempo após a vacinação eu posso doar sangue?
Uma portaria do Ministério da Saúde de 2011 declarou que o doador fica inapto para fazer a doação pelo período de um mês a partir da data que foi vacinado contra a Influenza. Depois do prazo, pode fazê-la.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

‘A batalha continua’, diz pai de bebê que nasceu com 360 gramas (Postado por Lucas Pinheiro)

Na porta de casa, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, uma faixa dava as boas-vindas à pequena Carolina Terzis, que deixou o hospital nesta quarta-feira (2) após cinco meses de internação, mas ainda respira com ajuda de aparelhos. De acordo com o pai da criança que nasceu com apenas 360 gramas, Thiago Fernandes Parreiras, com a alta da filha, começa uma segunda fase. “A batalha continua. Vencemos essa primeira etapa de sair com ela do hospital, e agora vamos vencer essa outra batalha. A gente vai trabalhar com todo amor e carinho pra ela poder ficar tranquila”.

No momento em que o G1 esteve na casa da família, Carolina passava por uma consulta médica, algo que a partir de agora fará parte do cotidiano da garotinha. No período da noite, os pais contarão com a ajuda do mesmo técnico em enfermagem que acompanhou Carolina durante todo tempo que ela esteve no hospital. “Ele passou com ela, tudo que a gente passou”, disse o pai.

Outro ponto importante, segundo o Thiago, foi o apoio que a família deu. “Houve uma união da família, que fortaleceu os vínculos. Toda essa batalha foi vencida com calma e muita gente ao nosso redor dando força”, finalizou o pai, que no momento contava com o auxílio dos familiares.

História rara na medicina
A história de Carolina é rara na medicina, segundo o chefe do Centro de Terapia Intensiva (CTI) Pediátrico e Neonatal do Hospital Vila da Serra, Marcus Jannuzzi. "Casos de crianças que nascem com menos de 400 gramas e que sobrevivem é uma exceção, uma raridade. Estas crianças podem ter lesões cerebrais, problemas no canal arterial, infecções e problemas na retina. No mundo, há registros de 138 crianças que nasceram abaixo de 400 gramas", falou Jannuzzi.

"Carolina é a criança nascida no Brasil com menor peso [360 gramas]", disse Oswaldo Trindade, outro especialista que acompanhou a recuperação da criança. O médico é coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.

 Jannuzzi explicou que 60% das crianças que nascem abaixo de 500 gramas têm probabilidade de ter sequelas, como distúrbios cognitivos. Nos próximo meses, Carolina vai precisar passar por avaliações de um neuropediatra e de um fisioterapeuta, segundo o médico, que preferiu não dar detalhes sobre os tratamentos e manteve reserva sobre o risco de possíveis sequelas.

De acordo com a equipe médica, Carolina ficou internada todo este tempo porque precisava respirar com a ajuda de aparelhos, recebia nutrição por sonda e via venosa e, apesar de os órgãos estarem totalmente formados, eles não tinham condições de funcionar normalmente. Por enquanto, ela ainda vai usar aparelho para auxiliar na respiração.